sábado, 26 de fevereiro de 2011

Dos Enterros

  Detesto velórios e missas de sétimo dia. Quando eu morrer quero que cantem, cantem e comam, queimem a carcaça que agora uso. Porque são tão fúnebres os homens, e procuram motivos para chorar e gritar histéricamente? Aquele que agora se junta a terra viveu intensamente, e se não viveu deveria o ter feito. Não quero padres pregando palavras vazias sobre conservação da carne ou vida eterna, o que eu vivi foi vivido, quem vive pensando como será depois, se preparando, se guardando, não merece a vida que tem nem a aproveita.

  Não quero lamentos, nem discursos pós-morte.O que tem pra me dizer, diga agora, depois é tarde, depois é sempre tarde demais. Não quero fotos minhas em túmulos de mármore, adornados com santos, pra que possa ser devorado por vermes em meio a pompa e beleza. Não quero velhos amigos, nem parentes, nem velhos amores chorando diante de pedras e carne podre, chorem com fotos, com lembranças e mesmo assim chorem de alegria, por termos partilhado esses momentos e por terem sido singulares.

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